quinta-feira, 3 de julho de 2014

O CORNO DE SI MESMO & OUTRAS HISTORIETAS - MARQUÊS DE SADE

A editora L&PM  nos brinda com a edição de nome COLEÇÃO 64 PÁGINAS, com livros que podem ser comprados em bancas de jornal no expositor da editora por apenas R$ 5,00. Isso desmente quem fala que no Brasil temos poucas livrarias e em Buenos Aires tem uma grande diversidade de livrarias. Ocorre que no Brasil temos bancas de jornal e simpáticos jornaleiros, onde são vendidos livros e mais livros. Concordo que em nosso país o livro é caro, realmente isso não é bem explicado, mas surgem edições bem feitas, bem acabadas pelo módico preço de R$ 5,00, ou seja, não lê quem não quer. Não existe desculpa para se afastar da leitura. Quem já conversou com algum estudante do PROUNI já se espantou com a falta de interesse em ler, ou pior com o fato de que nunca leram nada em toda vida estudantil, com algumas raras exceções.  Mas quanto ao pequeno livro que tem o curioso título O CORNO DE SI MESMO, trata-se de uma coletânea de contos, A leitura é leve. Não há qualquer descrição de cenas mais pesadas de qualquer natureza. Assim o próprio livro desmente a má reputação do Marquês de Sade, o livro está longe de ser um livro pornográfico. Na verdade é um livro que crítica severamente os costumes da época e as instituições.  As críticas são dirigidas aos padres e a Igreja Católica (extremamente influente e envolvida com a vida política da época) ao casamento (como algo puro e inviolável), a aristocracia, aos varões (chefes de família -como homens de reputação ilibada) e a mulher vista pela sociedade da época como uma virgem - sem desejos sexuais - verdadeira santidade do lar - as casadas sempre eternamente castas e fiéis.  Enfim não foi atoa que o Marquês passou vinte e sete anos preso. Ele foi um crítico feroz das instituições da sua época e das hipocrisias que existiam. Curiosamente se o Marquês de Sade surgisse em nossa época sofreria pesada carga dos chamados "politicamente correto" , possivelmente sofreria uma chuva de processos judiciais, iria a falência, não conseguiria trabalho, seria preso e viraria um  pária da sociedade. Não é difícil imaginar isso. Eu somente tive acesso a esse pequeno livro e por essa leitura apenas não consigo ver o Marquês de Sade como um pornógrafo; vejo o pobre Marquês como um feroz crítico social que pagou um preço muito alto e de forma injusta.
SUGIRO A LEITURA - BOA LEITURA - EM QUALQUER BANCA DE JORNAL - DR. HERMES VITALI

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