sábado, 27 de dezembro de 2014

A LIÇÃO DO NÓ GÓRDIO E O NOSSO MUNDO DE COMPLEXIDADE.

                                   Conta-se que o Rei da Frígia (Ásia Menor) morreu sem deixar herdeiro e que, ao ser consultado, o Oráculo anunciou que o sucessor chegaria à cidade num carro de bois. A profecia foi cumprida por um camponês, de nome Górdio, que foi coroado.
                                   Para não esquecer de seu passado humilde ele colocou a carroça, com a qual ganhou a coroa, no templo de Zeus. E a amarrou com um nó a uma coluna, nó este impossível de desatar e que por isso ficou famoso.
                                  Górdio reinou por muito tempo e quando morreu, seu filho Midas assumiu o trono. Midas expandiu o império, porém, ao falecer não deixou herdeiros.
                                   O Oráculo foi ouvido novamente e declarou que quem desatasse o nó de Górdio dominaria toda a Ásia Menor.
                                   O único motivo de fama de Frigia se residia nesta carroça especial estacionada em um dos pátios. A carroça estava presa a uma canga pelo nó górdio. Durante mais de 100 anos, o nó górdio desafiara todos os esforços de inteligentes reis e guerreiros.
                                   Até que em 334 a.C Alexandre, o Grande, ouviu essa lenda ao passar pela Frígia. Intrigado com a questão foi até o templo de Zeus observar o feito de Górdio. No dia designado, o pátio encheu-se de curiosos. Todos haviam falhado, pensavam, e dessa forma, com que novo método Alexandre poderia ter êxito? Após pensar Alexandre desembainhou a espada e cortou o nò em dois. Desatando o nó finalmente.  
 
     COMENTÁRIOS: Essa famosa história ou estória passou os séculos e ela continua muito atual, especialmente nos nossos tempos de pós-modernidade. Onde cada dia o mundo se torna mais complexo; temos a nuvem, o big data, a globalização, os avanços da engenharia genética, as novas conquistas espaciais, novos e poderosos armamentos para a guerra etc.  Tudo isso em mundo que tem fome e sede, que vê guerras tribais milenares se transformarem em guerras que afetam o globo todo. Onde grupos de pessoas acham por bem transformar pessoas em escravos, em coisificar seres humanos numa involução social alarmante.  Tudo se traduz em avanços e retrocessos, difíceis de entender e de traduzir em racionalidade.  E claro que isso afeta o nosso dia a dia, afinal o mundo está cada vez mais interconectado. A lição que o  nó Górdio nos dá é que precisamos mais do que nunca procurar soluções ,práticas , diretas e simples se o nosso objetivo é ser eficiente e eficaz como Alexandre foi.   Alexandre não parou para desatar o nó como provavelmente muitos fizeram antes dele, resolvendo o problema da forma esperada. Ele simplesmente, olhou e no seu olhar diferente (provavelmente Aristotélico, já que Aristóteles tinha sido seu professor) ele quebrou o paradigma ele não fez o esperado, não repetiu os erros dos seus antecessores em desatar o nó, ele simplesmente cortou o nó com a espada. Provavelmente ele não tenha sido tão elegante como alguém que desata um nó difícil e complicado. Mas ele se concentrou no problema proposto pelo Oráculo. E a questão era desatar o nó. O Oráculo não disse como isso deveria ser feito, disse apenas desate o nó. Não pediu elegância pediu astúcia e sagacidade. Ainda dentro dessa estória ou história  é importante destacar que Alexandre parou para pensar, esse é talvez um dos maiores atributos do ser humano e usamos tão pouco, pensamos pouco e quando pensamos, pensamos mal pela falta do hábito de exercitar essa nossa capacidade humana, a de pensar. Hermes Vitali