quinta-feira, 3 de julho de 2014

NOVAS OU VELHAS PROFISSÕES????? OFFICE MANAGER

A função de “office manager” passa a ganhar mais destaque no mercado brasileiro

Problemas de manutenção predial, um funcionário que faltou ou um erro na nota emitida por um fornecedor? Uma mesma pessoa no escritório pode dar conta de todas essas missões. Bastante comum na Europa e nos Estados Unidos, a função de “office manager” passa a ganhar mais destaque no mercado brasileiro.
De acordo com a Page Personnel, braço do PageGroup especializado no recrutamento de profissionais técnicos e de suporte à gestão, a demanda para o cargo aumentou entre 25% e 30% neste ano em relação a 2013. Trata-se de uma espécie de secretária-gestora, na definição de Thalita Doering, gerente da consultoria. “É um assistente que vai ajudar o ‘head’ da operação a se organizar, mas também vai gerir o escritório”, afirma.
Por aqui, o trabalho em geral é requisitado quando uma empresa monta uma filial no país e designa um executivo para gerenciá-la. “Muitos escritórios de investimento que chegam ao Brasil recrutam o profissional, que pode ainda atuar em escritórios de advocacia”, diz Thalita.
O “office manager” dará suporte ao CEO, assumindo obrigações que vão desde o pagamento de contas e o recebimento de notas de fornecedores até o controle da manutenção do espaço, passando pelo agendamento de compromissos do gestor. “Ele lida com operações financeiras básicas e faz a revisão de balanços e folhas de pagamento, que ficam a cargo de uma empresa terceirizada.”
Embora haja pontos de confluência entre as tarefas do “office manager” e das secretárias executivas, suas atribuições são distintas. No primeiro caso, a responsabilidade é mais estratégica, voltada para a redução de custos e para a otimização de recursos. “Antes, essas atividades eram exercidas por um coordenador administrativo ou pela própria secretária”, afirma Thalita. “Não é uma função nova, só mudou a cara e se profissionalizou.”
Em termos de atributos desejáveis para ocupar a posição, conta mais a experiência do que a formação, segundo a gerente do PageGroup. “O ideal é que já tenha vivência em uma área financeira, conhecimentos de administração predial e um pouco de secretariado”. Saber outros idiomas, além do português, é recomendável. A média salarial fica entre R$ 7 mil e R$ 12 mil e pode atingir R$ 16 mil, de acordo com a consultoria.
Foi nos Estados Unidos que Licia Vianna Ayres, de 40 anos, começou sua carreira de “office manager”. Ela conta que foi para lá em 1997, após ter feito secretariado executivo bilíngue e jornalismo no Brasil. Além de estudar inglês e gerenciamento de negócios internacionais, trabalhou em uma empresa de exportação localizada em Nova York, reportando-se diretamente ao presidente. “Como realizavam muitas transações com o Brasil, precisavam de alguém que falasse português”, diz. Ganhava cerca de US$ 4 mil por mês.
Ela ficou três anos e meio na companhia e teve outras experiências profissionais. Sua volta ao Brasil, em 2009, foi motivada por um divórcio – tem três filhos com o ex-marido americano. Aqui, teve experiências diversas na função, como em uma startup de Israel. “Fui a funcionária número um. Comprei da cadeira ao computador”. A experiência, porém, durou menos de um ano, uma vez que a filial foi fechada. O mesmo ocorreu com a colocação que se seguiu, uma startup de origem escocesa que durou um pouco mais no país – dois anos e meio. Desde fevereiro, Licia busca uma oportunidade na área, enquanto toca outros projetos.
Juliane Sena Favrin, de 33 anos, também experimentou uma vivência nos Estados Unidos, onde cursou MBA executivo entre 2004 e 2006. Ao voltar, deu aulas de inglês e trabalhou na área de “facilities” até 2010, quando saiu de licença-maternidade. Essa experiência profissional, segundo ela, ajudou a encontrar uma colocação de “office manager”, sugestão de uma headhunter.
Em outubro de 2011, Juliane passou a trabalhar em um escritório de representação de uma firma de investimentos. Também montou a operação brasileira “do zero”. Além de cuidar de “facilities”, manutenção e aspectos jurídicos do negócio, ela administra a folha de pagamento e participa de práticas de RH. Contatos com Nova York e Londres são comuns – seu superior imediato fica nos EUA.
Segundo sua percepção, um “office manager” no Brasil ganha de 30% a 40% mais que uma secretária executiva, mas seus rendimentos estão abaixo dos de um analista financeiro sênior. Em termos de evolução de carreira, se a empresa em que atua cresce, há a oportunidade de o profissional se especializar em uma das vertentes de seu rol de atividades e passar a integrar uma área específica da organização, como a financeira. Afinal, como define Juliane, o “office manager” é pau para toda obra.
Fonte: Edson Valente, Valor Econômico, 2/7/2014

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