quarta-feira, 20 de março de 2013

DOMENICO DE MASI - O OCIO CRIATIVO E A NOSSA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

Domenico de Masi esta em São Paulo e em sua visita ele questiona:

"São Paulo é um grande manicômio. Eu não consigo entender como os milhões de pessoas que vivem aqui passam horas no carro a caminho do escritório, com tantas ferramentas tecnológicas disponíveis para trabalhar de casa."

O problema é que o questionamento do eminente sociologo italiano esta corretíssimo.
Muitas das nossa taferas diárias poderiam ser realizadas em casa e numa jornada de trabalho de seis horas diárias. No entanto, ainda somos prisioneiros do modelo fabril, da revolução industrial do inicio do século passado.

Ainda trabalho é confundido com castigo eterno, resultado da expulsão do paraíso:  "... ganharás o pão com o suor do teu rosto...."

Ainda trabalho só tem valor se estiver envolvido em dificuldade,  atividade difícil e árdua.

Precisamos sim de uma menor jornada de trabalho (e onde estão as centrais sindicais para lutar pela jornada de 40 horas semanais?????)   E onde estão os representantes dos empregadores para lutarem pelo fechamento do comércio aos domingos, já que para a grande maioria das pequenas e médias empresas não interessa abrir suas atividades aos domingos.

Fala-se até em Metro 24 horas para São Paulo. Como se ainda estivessemos vivendo o lema dos anos 60/70: "São Paulo não pode parar."    Na verdade São Paulo precisa parar .... Parar de crescer, pois o Poder Público não suporta uma metropole gigantesca como São Paulo, onde o trânsito é completamente caótico. O trânsito de São Paulo já matou até o  Coronel Fontinele. 

Domenico de Masi esta certo precisamos mudar a nossa forma de trabalhar, precisamos prestigiar o  teletrabalho, o trabalho em casa, o trabalho a distância. Mas para isso, precisamos de uma legislação trabalhista feita para o século XXI, onde essas novas formas de trabalho estejam contempladas. A nossa velha e esdrúxula "Carta del Lavoro" de Mussolini não serve mais, não tem mais sentido. Ela não contempla uma jornada de trabalho flexível, o chamado "tempoflex", com um efetivo sistema de banco de horas. Um sistema de banco de horas que funcione.  Uma maior liberdade para o empregado negociar os seus interesses diretamente com a empresa.  Um sistema de conciliação e resolução de conflitos.  Não um esdrúxolo sistema onde  qualquer conflito laboral se transforma em um processo judicial pesado, complicado que leva vinte anos para achar uma solução.  Solução onde ou o reclamante não recebe nada pois os bens já foram protegidos ou a empresa vai a falência na hora de pagar a conta da reclamação trabalhista. Na verdade o século XXI já chegou, mas os interesses corporativos do século XX ainda estão presentes.
DR. HERMES VITALI

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