segunda-feira, 17 de abril de 2017

SARNEY E O QUINTO DIA ÚTIL OU COMO CRIAR CUSTO BRASIL

Nos tempos de Sarney na Presidência da República, a economia nacional estava em  extrema turbulência. Após tentativas da equipe econômica a inflação continuava descontrolada. O dinheiro não valia nada pois vivíamos o pesadelo da hiperinflação. Tudo que a equipe econômica havia tentado não havia frutificado. E os agentes econômicos e o povo estavam imunes a novos experimentos. Nada  havia a ser feito. Senão dar tempo ao tempo. Para dar a impressão que o País estava sob controle e que o governo tinha algum rumo. O Presidente Sarney começou a inovar e uma dessa inovações foi a Lei n. 7.855 de 24 de outubro de 1989,que  alterava a Consolidação das Leis do Trabalho. Muitos dos artigos eram apenas mais do mesmo.  Mas um artigo  foi emblemático o  artigo 1º  que alterava a redação de vários artigos da CLT, principalmente o artigo 459 parágrafo 1º , que diz:

"Art. 459. .............................................................
§ 1º Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subseqüente ao vencido."

E assim esta na CLT. O primeiro problema criado foi descobrir qual era o quinto dia útil. Pois a tradição na legislação trabalhista é seguir a semana inglesa que inclui o sábado, ficando o domingo como dia de descanso.

Ao passo que a tradição bancária e o fechamento  de agências no sábado e no domingo. E claro que isso causa transtornos até hoje. Mas ao mudar o pagamento do dia dez para o quinto dia útil. Gerou um enorme problema para empresas que possuem uma grande quantidade de empregados. A preparação de uma folha de pagamento é complexa, exige apuração empregado por empregado da jornada de trabalho realizada no mês. Apuração de atrasos, horas extras, faltas justificadas, faltas injustificadas,verificação de quem está de férias, de auxilio doença, enfim de várias situações que ocorrem na relação laboral. Essa apuração leva tempo, exige precisão e pessoal qualificado, experiente e principalmente caro.  Inclusive em grandes empresas exige que o empregados do departamento de pessoal ou de recursos humanos trabalhem até de madrugada,  aos sábados e domingos e até mesmo nos feriados para a preparação da folha de pagamento e consequente pagamentos dos trabalhadores, Qualquer erro do departamento de pessoal, pode implicar em uma reclamação trabalhista ou no pagamento errado do tributo ou de uma contribuição.  Assim, o que se  vê hoje e a criação de um custo, um CUSTO BRASIL que pesa sobre as empresas.  Obviamente que esse é mais um  dos inúmeros "CUSTO BRASIL"  que desestimulam a geração de empregos. Infelizmente não vi esse assunto ser ventilado na reforma trabalhista.  Poderíamos voltar ao sistema anterior onde havia uma prazo maior para o pagamento e apuração dos salários. Todos saem ganhando: a empresa que diminui os seus custos administrativos, os empregados que passam a desfrutar de uma folha de pagamento com uma menor incidência de erros e ainda  há um estimulo para as empresas contratarem. Para quem discorda pense o que leva as grandes empresas a estabelecerem call center não Índia empregando massissamente. Em comparação com as nossas tímidas empresas no mesmo setor. Menciono esse tipo de atividade pois é uma área que emprega fortemente e o tipo de trabalho não exige uma grande escolaridade. Mas pense como preparar uma folha de pagamentos para cinco mil ou dez mil empregados em cinco dias úteis (incluindo o sábado) Hermes Vitali

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